sexta-feira, 22 de agosto de 2008

Escapadela

A caminhada foi interrompida por:

- Por favor, não se importa de me ajudar?

Aproximei-me e junto de um portão velho, verde, enferrujado, empenado estava uma senhora, idosa, de olhos ensaguentados e vagos. Segurava as gradas como um recluso.

- Peço desculpa pelo incómodo, mas não consigo abrir.

Depois de alguma luta abri-lhe o portão. Reconheci a senhora uma semana mais tarde , num anúncio em jeito de apelo feito pela familia. Sofria de Alzheimer e tinha fugido de casa.

sábado, 16 de agosto de 2008

Parado

O pó vai-se acomulando
sobre mim.
Estou quieto faz tempo.

Não me recordo da ultima vez que me mexi.

Desta forma nao me perco,
Estou parado, mas orientado.


O pó continua a cair-me em cima.
De tal forma,
que me confundo com os moveis.

As minusculas particulas
atravessam os rasgos de Luz:
brilhantes, vibrantes,
agitadas, perturbadas, irritadas,
Num danca provocatôria.

Daqui não saio.

O pó que me caia em cima!
que quando cair,
será parte de mim.

O candeeiro junto da janela

Olho directamente para a Luz
e encadeio-me.

O reflexo desta ousadia,
reside por um tempo
dentro das pálpebras quando as fecho.

A Luz que me seduz
não está no centro para onde olho.
Anda por ali perto,
um pouco ao molho sem um sitio certo

quarta-feira, 13 de agosto de 2008

Atalho

O Amor dá-me sensações,
que nem a ponta dos dedos conseguem atingir,
quando fecho os olhos.

Inspiro directamente para a Aorta,
para que leve ao corpo todo,
de forma rapida,
de forma genuina,
de forma crua:
A massa de ar, Tua.
Quando passaste por mim na rua.